terça-feira, 28 de agosto de 2012

EQUILÍBRIO PÓS VIDA


Segundos antes da liberação do semáforo,

um reflexo de uma visão lateral,

uma cena desconfortavelmente pública,

um cimentado em forma de cama,

uma enorme pedra em forma de travesseiro,

o dito irracional melhor amigo do homem,

sedento, faminto, porém vigilante,

guarda uma vida racional,

a anti-higienização obrigatória,

a falta de um recurso mínimo, isola a dignidade,

a inferioridade afasta seu igual,

que na oferta de migalhas manipula superioridade,

a desistência vital é incompreensiva,

a aceitação a sub vida é inadmissível,

a história individual é inacreditável,

o sofrer torna-se rotineiro e costumeiro,

a desesperança do auxílio é infinita,

no momento o repouso da simulação do descanso,

aparenta momentaneamente naturalidade,

o levantar vagaroso e estonteante,

inicia a corrida da dependência da sorte,

a lixeira é a prateleira de suas compras,

a praça, uma enorme sala de estar,

a humilhante vergonha,

é de onde adquire-se força do olho a olho,

a invisibilidade da matéria perante a sociedade,

causa o desprazer da mínima educação adquirida,

o que dói é saber que quando chegar o equilíbrio social,

esse protagonista não estará presente,

pois isso acontecerá a palmos desse nosso solo.


Cesar Carvalho

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