sexta-feira, 15 de abril de 2011

Madeira salgada (homenagem a um amigo que partiu)


Em fila cada um te olha
estraçalha o coração em aperto
em lágrimas cada face se molha
em choque meu pensar eu inverto

não mais sorri como antes
brincadeiras ficaram em lembranças
nossa amizade como dois gigantes
começaram desde ainda crianças

ninguém espera essa viagem infinita
com certeza um dia ela chega
apesar da dor, é uma viagem bonita
te leva ao supremo que te aconchega

um dia estarei contigo amigo
por enquanto ainda serei matéria
compartilharemos o mesmo abrigo
após inativa essa minha artéria

o sorriso em bom tempo me falta
a tristeza de mim toma conta
sua memória sempre estará em pauta
meu coração aos poucos desmonta

perdoe-me essa lágrima que rola
encharcando sua nova moradia
fecha-te justo como se fosse gaiola
logo você, espaçoso enquanto vivia

após tanta terra, de você me despeço
não sei como será sem sua amizade
sei que estará presente, então te peço
ajude-me adaptar a nova realidade

Cesar Carvalho

NOSSO EXISTIR


Privilégio do ser humano
nasceu animal racional
o supremo não tem engano
você mereceu essa forma vital

traça em sua vida um plano
independe de seu emocional
você não é um fulano ou sicrano
você é um ser mega especial

não se esconda por baixo do pano
mostre-se em escala preferencial
sua importância não sai pelo cano
não faça escolha entre o bem e o mal

não se regrida a um ser bacteriano
descubra seu poderoso potencial
não se deixe destacar em profano
calcule profundamente seu existencial

evolução concreta ano após ano
define vagamente seu diferencial
entre fases e fases se torna veterano
professor do ser em linha matinal

torne-se um ser em alta Feliciano
não se deixe vagar ao mundo medial
encha o peito, siga o oposto de leviano
sua aparência não muda, é como açúcar e sal

Cesar Carvalho.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

UM PASSADO PRESENTE


Um olhar sinistro de emburrado
corte tigela, é a famosa franja
unha encravada, olhar de safado
saúde de sobra, até esbanja

paparicado, quer ser o centro
as vezes chorão, um pouco são manhas
uniforme escolar, camisa por dentro
vai à escola, um amigo acompanha

se acha bonito e o mais forte
por esse motivo sempre apanha
as vezes bate, as vezes da sorte
não se entende, o próprio se estranha

chega correndo, jogar uma pelada
a mesma roupinha, não tem opção
sempre suja da bola molhada
tênis furado, pé quase no chão

não liga para as dores, depois passa
bater uma bolinha é a diversão
bolinha de gude, a cinta se caça
empina o pipa e roda o peão

uma namoradinha, se gabar para os amigos
fala-se namoro, mas só dão as mãos
nervosismo de moleque, parece castigo
mas não demonstra "eu sou o machão"

apesar de sapeca, o horário é restrito
se passar das seis vai tomar um safanão
se tiver longe, vai escutar o apito
acabou o tal adulto, volta o garotão

um banho meia-boca porque era difícil
um kit-limpeza, bacia, caneca e sabão
nada era fácil, tudo no sacrifício
nem cama se tinha, era só um colchão

os primos pacatos todos caseiros
só ele tinha a fama de ser o doidinho
era tanto sinônimo pra bagunceiro
até um apelido de redemoinho

hoje estou aqui muito feliz e satisfeito
conversando com você espelho meu
fiz na minha infância tudo que tinha direito
porque esse é o doidinho, e o doidinho é eu

Cesar Carvalho

DUPLA PERSONALIDADE


simplória no modo de agir
caracteriza nobre infantilidade
em tortos ao ponto conseguir
inverte falsa fragilidade

água para vinho ditado inútil
determinante em fixação
pureza do bem iguala à fútil
autoritária demonstra paixão

carinho à esquerda cogita
em direita e forte belisca
de um lado seu olhar agita
em outro prefere ser isca

aparente vulgar pateticismo
em joelhos mãos em perdão
em frente diante ao abismo
mesmas obedientes ao empurrão

leves aos cuidados te conhece
rápido terá meteórica reflexão
pré olhares sempre enobrece
pós olhares te jogam ao chão

Cesar Carvalho.

CAUTELA


fixo olhar direcionado à frente
pés imóveis aderente ao solo
desconfiança posta em mente
mãos adiante protegidas em colo

em segundos um movimento brusco
próximos, a voz travada se cala
um rápido piscar retira o ofusco
inesperado suor em seu corpo exala

face divulga em forma de um não
procura testemunhas ao seu redor
vira-se o corpo a oposta posição
em dúvida qual delas seria melhor

tremores que sobem dos pés à cabeça
descontrole da coordenação motora
receio de que alguma palavra esqueça
torcida por uma conversa promissora

tímidos e curtos passos se deslocam
em volta de sua posição inicial
palma das mãos em salva se tocam
objetiva seu alvo preferencial

um surto acontece de repente
inspira e expira um ar de coragem
vontade em expressar o que sente
cobre as fraquezas como blindagem

expressa a pessoa todo seu desejo
em retorno tem positiva resposta
desde esse dia ganhou o primeiro beijo
hoje à anos e anos ao lado de quem gosta

Cesar Carvalho.

CAMINHO DA FRAQUEZA


Não é fácil ver-te assim
parece-me um desacato
é como saísse de um camarim
direto para o anonimato

sei que se lembra de mim
e também do nosso trato
uma casa com jardim
num lugarzinho bem pacato

ficaríamos até o fim
juntos se amando de fato
não insisti no teu "sim"
pois não queria ser chato

me trocou por um botequim
como um alcoólatra nato
pendurando como um xaxim
empenhando até sapato

desde cachaça com aipim
até pinga ao pé de pato
cerveja com amendoim
conhece todas pelo olfato

agora está acabada enfim
acho isso muito ingrato
uma real tupiniquim
implorando por um prato

não seja mole como pudim
faça como um feroz gato
lute, erga-se volte a jasmim
e não a um insignificante mato

Cesar Carvalho

sábado, 9 de abril de 2011

COMEÇO FELIZ

Decifrar o começo de um fim
é como ver uma virtude defeituosa
é como se salgar em um doce amor
é como cativar uma verdadeira falsidade
é como desfrutar de um amargo mel
é como acariciar os espinhos de uma rosa
é como sentir a falta de sentimentos
é como surgir longe de seu aparecer
é como voltar de um progresso
é como entrar pela saída
enfim,
decifrar o começo de um fim
é como andar em círculos
lembre-se bem,
o fim não tem começo
o começo é um eterno fim
comece bem, e seja feliz

Cesar Carvalho

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mulher Brasileira

Torneadas ao ponto de relance em olhares
repetitivos e insistentes,
vai e vem de uma elegância
convincente,
curvas artesanais em várias
protagonistas,
diferes de uma normalidade
visivelmente diária.
Profundo são os contos e encantos
que causam um simples passeio em um bosque,
cochichos apontamentos,
centro total atenciosamente assim dizendo,
oportuna vaidade, deliciosa variedade.
Houve sim, o dedo do Divino para tanta beleza,
sem cuidados, com cuidados,
olhares masculinos agradecem
essa luz que explode em você
mulher brasileira.

Cesar Carvalho

Valeu o amor

Vitória triunfante em classe cobiçante,
aluga-me teus ouvidos,
situados sob tal divindade,
clamou segredo, abriu espaço,
deriva de lacunas ao fundo escaldante.
Muda-te de glória aos olhos,
nobres olhos de visão imperfeita ao leito caliente,
vigia-me nos estranhos esconderijos de porte escancarado,
achou-me potente de desejos figurados,
porém atravessados ao retângulo de uma cama,
lágrimas de prazer, gritos dormentes,
suspiro com final satisfatório.

Cesar Carvalho